“Lugar de mulher é na ciência. E onde ela quiser”. É com essa máxima que hoje as mulheres no Brasil representam 46% do total de pesquisadores nos países da América Latina e do Caribe conforme relatório do British Council, em parceria com a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). Apesar da participação crescente, mulheres ainda enfrentam uma série de desigualdades no mercado de trabalho e na ciência. Mas em Timon, 20 meninas medalhistas são destaque em vários cenários. E, incentivadas, desde crianças a serem protagonistas das suas próprias histórias, inclusive a serem pesquisadoras premiadas e reconhecidas pelos seus talentos.
A medalha de ouro da Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica (OBA) reluz em seu quarto. Mas é o anseio de ser pesquisadora no futuro, que aguça a Taynara Isabel Nascimento Araújo, de 14 anos, aluna da EMEF Desembargador Odilo Costa Filho.
Desde 2020, a aluna participa da OBA, tendo conquistado a medalha de ouro somente no ano seguinte. Mas a aluna já tinha conseguido outras medalhas na Rede de Ensino de Timon. Taynara se diz realizada e afirma que apesar das meninas não terem tanto destaque na ciência, a educação da cidade tem sido um estímulo, tanto para ela como para outras centenas de meninas a serem grandes pesquisadoras.
“A ciência é lugar de mulher. E não somente de homem. A escola sempre tem me incentivado a participar dessas premiações e de Olimpíadas, porque ensina a mim, e a outras meninas, que são oportunas não somente ganharmos medalhas, mas estudarmos conteúdos mais detalhados. E quero continuar participando e quem sabe conquistando mais reconhecimento e incentivando outras meninas também”.
Maria Mitchell. Já ouviu falar? É uma astrônoma estadunidense que teve reconhecimento internacional com a descoberta através de um telescópio o “Cometa da Senhorita Mitchell”(Cometa 1847 VI, cujo nome oficial é C/1847 T1) em outono de 1847. E que é uma das maiores referências da aluna Taynara.
“Todas as mulheres têm papel importante na sociedade. No entanto algumas cientistas que tiveram grandes atuações por suas pesquisas, inclusive na Astronomia, são ainda pouco reconhecidas ou citadas. E cientistas homens acabaram tendo maior destaque no mercado por causa dessas mulheres que deram o pontapé em suas pesquisas”, narrou. A aluna ainda mencionou a admiração por pesquisadoras brasileiras, que atuam na Astronomia.
Para a gestora da escola, Leni Gomes Pedroza de Oliveira, é gratificante ver o quanto é importante o papel das instituições de ensino em Timon em estimularem essas meninas a continuarem estudando.
“Esse é o nosso papel como educador, estimular e fazer com que essas meninas descubram a capacidade que cada um delas tem. Essas meninas são exemplos e acreditamos sim que no futuro elas podem ser profissionais brilhantes e até mesmo profissionais na nossa rede de ensino”, declarou.
A coordenadora de ensino da Secretaria Municipal de Educação (Semed), Alda Raquel, afirma que o protagonismo dessas meninas nas Olimpíadas é resultado da educação de qualidade de Timon.
“As meninas estão conquistando medalhas em disciplinas, que antigamente só os meninos ganhavam, como matemática, química e astronomia. E hoje, pelos números que recebemos das escolas, notamos que quase 50% das meninas de Timon são participantes nesses campeonatos. E esse avanço mostra o quanto, tanto meninos como meninas, podem serem pesquisadores e de forma igualitária. Até porque lugar de mulher é em qualquer lugar”, disse.
Medalhistas
Os alunos da Rede de Ensino de Timon também conquistaram medalhas em outras áreas do conhecimento em 2021. No total, 19 medalhas de ouro, 20 medalhas de prata, 24 de bronze e 56 menções honrosas.
Fonte: Prefeitura de Timon